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Xi Jinping em visita oficial à França, com Ucrânia e comércio na agenda

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O Presidente chinês chegou ontem a França onde efectua esta segunda-feira e amanhã uma visita oficial, antes de seguir para a Sérvia e a Hungria. Na ementa desta deslocação que marca os 60 anos de relações diplomáticas entre Paris e Pequim, estão em destaque o conflito na Ucrânia e questões comerciais. Isto, numa altura em que existe uma série de contenciosos entre a China e Bruxelas, nomeadamente no que tange às condições de comercialização dos carros eléctricos chineses no mercado europeu.

Rui D'Avila Lourido, Presidente do Observatório da China em Lisboa, entidade que tem elos designadamente com a Fundação Macau ou ainda a Academia Chinesa de Ciências Sociais, refere que a escolha de Paris como destino de Xi Jinping no âmbito da sua digressão europeia, prende-se com o facto de a França continuar a manter o diálogo com a China, o que na sua óptica lhe dá vantagens.

RFI: Contrariamente a outros países europeus, como a Grã-Bretanha, a França tem tentado manter boas relações com a China. Que vantagens é que isso lhe dá?

Rui D'Avila Lourido: A vantagem é incomensurável do ponto de vista político para a população europeia. A população europeia, digo não os governos da União Europeia que estão unha com carne com os Estados Unidos, contra os interesses do próprio tecido industrial europeu e contra os interesses do próprio tecido comercial. É sabido que a maioria dos empresários europeus quer ter relações com a China. Veja-se por exemplo Portugal que assinou um protocolo com o próprio Xi Jinping em 2018 para a Huawei, que é a companhia que tem desenvolvido o 5G de forma mais eficiente e mais tecnologicamente avançada. E isso foi feito em 2018 e devido ao alinhamento das elites governamentais da União Europeia, por exemplo, foi decidido que as empresas deveriam mudar da Huawei para outra empresa americana. Ou seja, é uma forma de, atacando a China, privilegiar as empresas americanas. Portanto, o papel da França é imenso ao poder afirmar-se como uma alternativa credível a essa visão seguidista, sem autonomia e sem respeito pelos interesses económicos europeus.

RFI: Esta visita também acontece numa altura em que tem havido acusações em Bruxelas de casos de espionagem a favor da China entre assistentes parlamentares.

Rui D'Avila Lourido: Naturalmente que os países, todos eles, têm os seus serviços de segurança, mas apontar a China como o principal espião na Europa é um pouco, diria mesmo ridículo, porque o país que mais tem espiado a Europa, inclusivamente para favorecer as suas empresas nos contratos internacionais, para ganharem os contratos, tem sido os Estados Unidos. Desde as grandes agências americanas, especificamente para vigiar até os telemóveis, foram divulgadas as escutas feitas pela América aos actuais dirigentes franceses ou ingleses. Têm milhares e milhares de funcionários dedicados a isso. Ou seja, para além de todos os países terem serviços de espionagem, acusar a China de ser mais do que os outros é mais uma vez criar numa narrativa. Por exemplo, a coisa mais ridícula agora é dizer que os carros chineses, que são muitíssimo mais baratos e de elevadíssima qualidade, não deviam ser comprados pelos americanos porque teriam a possibilidade de transmitir dados para a China. O ataque ao Tik-Tok, o ataque à Huawei são tudo manobras para favorecer a indústria americana. Quando não consegue ganhar no plano comercial legítimo, pura e simplesmente, unilateralmente, contra as regras internacionais, a América decide essas sanções. Esta colaboração e parceria com a China permite baixar a nossa inflação, permite a transferência tecnológica da China para a Europa. Não sei se sabe, mas em 2023, a China foi o maior parceiro nas importações de bens da União Europeia.

RFI: Relativamente aos carros eléctricos que estava a mencionar há pouco, Bruxelas tem acusado a China precisamente de estar a praticar uma política de dumping relativamente aos carros eléctricos que fariam directamente concorrência aos carros eléctricos europeus que são mais caros.

Rui D'Avila Lourido: São mais caros e não têm a qualidade que os carros chineses, com baterias novas, têm. Mas estas críticas de dumping têm origem nos próprios Estados Unidos. Têm origem no criar uma narrativa contra uma globalização, contra um comércio aberto entre todos os países que têm que negociar os benefícios desse comércio. A Europa tem muito mais a ganhar no relacionamento global, económico, comercial com a China do que entrando neste chamado 'de-risking' ou desglobalização ou separação entre as economias.

RFI: Macron, ainda antes da visita de Xi Jinping, dizia que "a Europa deve defender os seus interesses estratégicos perante a China".

Rui D'Avila Lourido: A maior ameaça à Europa é da América, não é da China. Agora estão a ser pagas as empresas para se instalarem na América. A energia fez aumentar os factores de produção enormemente na Europa. Quem concordou com isso não foi o comércio com a América, que é bastante mais caro e mais poluente, o petróleo de xisto ou o gás vindo da América? O bombardeamento dos dois gasodutos 'Nord Stream' beneficiou realmente a indústria americana.

RFI: Relativamente ao conflito na Ucrânia, há um ano, quando Emmanuel Macron foi à China, a mensagem era incitar a China a tentar fazer com que Putin mudasse de rumo relativamente à Ucrânia.

Rui D'Avila Lourido: Como é que um país com a dimensão da França ou da Europa quer fazer a China mudar de rumo? Então não tem que ser em parceria? Então tem que ser defendendo os interesses de uma parte do Ocidente que a China se tem comportar no mundo? Não é defendendo os interesses deles em parceria connosco? Eles não querem fazer uma ponte entre a Ásia e a Europa? Então quem é que se está a separar? Como (explicar) essa lógica de nós, Europa, nos pormos à margem da Índia e da China? É perfeitamente anti-Europa, porque a nossa indústria só pode prosperar vendendo para quem está com um crescimento económico e uma postura de defesa dos princípios da Carta das Nações Unidas, como a China, que nas Nações Unidas tem proposto cinco iniciativas de segurança global em que um país, para se defender, não pode pôr em risco a defesa de outro país, que é o que a América está a fazer através da Ucrânia contra a Rússia. Quer dizer, se a América não aceitou os mísseis em Cuba, como é que os europeus estão a aceitar que é correcto pôr mísseis nas fronteiras da Rússia? Não é coerente.

RFI: Ainda relativamente a esta deslocação da Xi Jinping à Europa, ele deve seguir para a Sérvia e a Hungria a seguir à França. Porquê essa escolha da Sérvia e da Hungria?

Rui D'Avila Lourido: Porque pertencem à Rota da Seda, projecto que a partir de 2013 Xi Jinping propôs, e o Estado chinês construiu pontes com muitos países da União Europeia. Por exemplo, tem relações com a Ucrânia. Também por isso, essa posição neutral em relação a esta guerra e tem um investimento enorme em infra-estruturas, quer na Sérvia e inclusivamente na Hungria. Portanto, são dois países que continuam desenvolvendo, apesar de a sua relação com a União Europeia, esta perspectiva de uma ligação à Ásia no sentido de poder escapar a esta crise que se adivinha e de que já temos sinais.

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Rui D'Avila Lourido, Presidente do Observatório da China em Lisboa, entidade que tem elos designadamente com a Fundação Macau ou ainda a Academia Chinesa de Ciências Sociais, refere que a escolha de Paris como destino de Xi Jinping no âmbito da sua digressão europeia, prende-se com o facto de a França continuar a manter o diálogo com a China, o que na sua óptica lhe dá vantagens.

RFI: Contrariamente a outros países europeus, como a Grã-Bretanha, a França tem tentado manter boas relações com a China. Que vantagens é que isso lhe dá?

Rui D'Avila Lourido: A vantagem é incomensurável do ponto de vista político para a população europeia. A população europeia, digo não os governos da União Europeia que estão unha com carne com os Estados Unidos, contra os interesses do próprio tecido industrial europeu e contra os interesses do próprio tecido comercial. É sabido que a maioria dos empresários europeus quer ter relações com a China. Veja-se por exemplo Portugal que assinou um protocolo com o próprio Xi Jinping em 2018 para a Huawei, que é a companhia que tem desenvolvido o 5G de forma mais eficiente e mais tecnologicamente avançada. E isso foi feito em 2018 e devido ao alinhamento das elites governamentais da União Europeia, por exemplo, foi decidido que as empresas deveriam mudar da Huawei para outra empresa americana. Ou seja, é uma forma de, atacando a China, privilegiar as empresas americanas. Portanto, o papel da França é imenso ao poder afirmar-se como uma alternativa credível a essa visão seguidista, sem autonomia e sem respeito pelos interesses económicos europeus.

RFI: Esta visita também acontece numa altura em que tem havido acusações em Bruxelas de casos de espionagem a favor da China entre assistentes parlamentares.

Rui D'Avila Lourido: Naturalmente que os países, todos eles, têm os seus serviços de segurança, mas apontar a China como o principal espião na Europa é um pouco, diria mesmo ridículo, porque o país que mais tem espiado a Europa, inclusivamente para favorecer as suas empresas nos contratos internacionais, para ganharem os contratos, tem sido os Estados Unidos. Desde as grandes agências americanas, especificamente para vigiar até os telemóveis, foram divulgadas as escutas feitas pela América aos actuais dirigentes franceses ou ingleses. Têm milhares e milhares de funcionários dedicados a isso. Ou seja, para além de todos os países terem serviços de espionagem, acusar a China de ser mais do que os outros é mais uma vez criar numa narrativa. Por exemplo, a coisa mais ridícula agora é dizer que os carros chineses, que são muitíssimo mais baratos e de elevadíssima qualidade, não deviam ser comprados pelos americanos porque teriam a possibilidade de transmitir dados para a China. O ataque ao Tik-Tok, o ataque à Huawei são tudo manobras para favorecer a indústria americana. Quando não consegue ganhar no plano comercial legítimo, pura e simplesmente, unilateralmente, contra as regras internacionais, a América decide essas sanções. Esta colaboração e parceria com a China permite baixar a nossa inflação, permite a transferência tecnológica da China para a Europa. Não sei se sabe, mas em 2023, a China foi o maior parceiro nas importações de bens da União Europeia.

RFI: Relativamente aos carros eléctricos que estava a mencionar há pouco, Bruxelas tem acusado a China precisamente de estar a praticar uma política de dumping relativamente aos carros eléctricos que fariam directamente concorrência aos carros eléctricos europeus que são mais caros.

Rui D'Avila Lourido: São mais caros e não têm a qualidade que os carros chineses, com baterias novas, têm. Mas estas críticas de dumping têm origem nos próprios Estados Unidos. Têm origem no criar uma narrativa contra uma globalização, contra um comércio aberto entre todos os países que têm que negociar os benefícios desse comércio. A Europa tem muito mais a ganhar no relacionamento global, económico, comercial com a China do que entrando neste chamado 'de-risking' ou desglobalização ou separação entre as economias.

RFI: Macron, ainda antes da visita de Xi Jinping, dizia que "a Europa deve defender os seus interesses estratégicos perante a China".

Rui D'Avila Lourido: A maior ameaça à Europa é da América, não é da China. Agora estão a ser pagas as empresas para se instalarem na América. A energia fez aumentar os factores de produção enormemente na Europa. Quem concordou com isso não foi o comércio com a América, que é bastante mais caro e mais poluente, o petróleo de xisto ou o gás vindo da América? O bombardeamento dos dois gasodutos 'Nord Stream' beneficiou realmente a indústria americana.

RFI: Relativamente ao conflito na Ucrânia, há um ano, quando Emmanuel Macron foi à China, a mensagem era incitar a China a tentar fazer com que Putin mudasse de rumo relativamente à Ucrânia.

Rui D'Avila Lourido: Como é que um país com a dimensão da França ou da Europa quer fazer a China mudar de rumo? Então não tem que ser em parceria? Então tem que ser defendendo os interesses de uma parte do Ocidente que a China se tem comportar no mundo? Não é defendendo os interesses deles em parceria connosco? Eles não querem fazer uma ponte entre a Ásia e a Europa? Então quem é que se está a separar? Como (explicar) essa lógica de nós, Europa, nos pormos à margem da Índia e da China? É perfeitamente anti-Europa, porque a nossa indústria só pode prosperar vendendo para quem está com um crescimento económico e uma postura de defesa dos princípios da Carta das Nações Unidas, como a China, que nas Nações Unidas tem proposto cinco iniciativas de segurança global em que um país, para se defender, não pode pôr em risco a defesa de outro país, que é o que a América está a fazer através da Ucrânia contra a Rússia. Quer dizer, se a América não aceitou os mísseis em Cuba, como é que os europeus estão a aceitar que é correcto pôr mísseis nas fronteiras da Rússia? Não é coerente.

RFI: Ainda relativamente a esta deslocação da Xi Jinping à Europa, ele deve seguir para a Sérvia e a Hungria a seguir à França. Porquê essa escolha da Sérvia e da Hungria?

Rui D'Avila Lourido: Porque pertencem à Rota da Seda, projecto que a partir de 2013 Xi Jinping propôs, e o Estado chinês construiu pontes com muitos países da União Europeia. Por exemplo, tem relações com a Ucrânia. Também por isso, essa posição neutral em relação a esta guerra e tem um investimento enorme em infra-estruturas, quer na Sérvia e inclusivamente na Hungria. Portanto, são dois países que continuam desenvolvendo, apesar de a sua relação com a União Europeia, esta perspectiva de uma ligação à Ásia no sentido de poder escapar a esta crise que se adivinha e de que já temos sinais.

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